segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Meu caso com o Cesar e a Ana

Pra todos que me conhecem pessoalmente, sabem que eu tenho todo um senso natureba e amor imenso pelo meio ambiente. Adoro tudo que resume a simplicidade das coisas. Adoro o mar, adoro a areia, adoro a grama, adoro animais, na verdade não entendo até hoje da onde tirei que eu queria trabalhar com marketing, veterinária/bióloga enrustida aqui, OI GENTE?
Mas sou assim, gosto mesmo do natural.
E como já dito aqui, desde que descobri que eu estava grávida queria um parto NATURAL, daqueles sem anestesia sabe? Que o bebê sai pela vagina, dos gritos incessantes, das dores imensas, daqueles que ao final de tudo, você mesma pega o seu bebê e morre de amoralegriafelicidade maior do mundo? Vocês se lembram desse parto? É um parto que antigamente era super tradicional. E existia um outro, feito em casos de EXTREMA necessidade, quando a mãe ou o bebê REALMENTE corriam riscos de vida. Aquele em que a barriga da mulher precisa ser cortada em 7 camadas, do repouso extremamente necessário e nunca cumprido para a recuperação dos pontos, aquele que multiplica as chances de morte caso feito fora de necessidade, aquele em que não respeita o tempo do bebê que passa por cirurgia....entre mil e outras detalhamentos dele. Pois é, foi esse que fizeram em mim.
Mas eu queria o natural então toda vez que alguém me perguntava algo relativo ao parto cesárea, eu simplesmente explicava que queria parto normal.
Troquei 3 vezes de GO por não achar um que realmente se preocupasse com o nascimento da minha filha. Na terceira vez, achei um que era um doce, super calmo, carinhoso, uma beleza de médico, pena que só depois fui descobrir que era um cesarista.
Expliquei para ele que eu queria parto normal, e toda vez ele me respondia que precisaria ver se a minha bacia teria estrutura para aguentar um parto normal. Oi? Como assim?
Só que eu ainda não tinha entendido que seria mãe, não procurava ler sobre o parto nem nada disso, só sobre o bebê e como ela provavelmente estava.
Com 24 semanas comecei a fazer hidroginástica para preparar meu corpo para o nascimento dela. Fui um mês e parei, porque estava organizando o casamento, porque trabalhava, porque sentia muito sono, porque faltava vontade e outras mil e uma desculpas. Ao invés de mudar minha alimentação, eu comia porcaria quase todo dia, e isso ajudou MUITO ao meu corpo acumular liquido demais, e a inchar e a pressão subir. Lembro que corremos para o hospital 2 noites seguidas, quando eu estava com 36 semanas, com contrações fortíssimas, malditos pródromos. Vinham umas semi contrações e a bichinha era forte pra burro, eu entrava embaixo do chuveiro e nada de passar, deitava e nada, realmente acreditava que estava entrando em trabalho de parto e aí quando eu entrava na porta do hospital, as contrações desapareciam.
Puta merda sei que estava cedo mas eu estava tão imensa que não aguentava mais.
Eu estava tão ansiosa para ver o rostinho dela, para tê-la em meus braços que esqueci de perguntar se ela estava pronta para vir ficar aqui do lado de fora.
Quando completei 37 semanas e 6 dias, estava ansiosissíma para o primeiro toque que diria se meu corpo teria capacidade de se abrir o bastante para passar um bebê por ali. Onde já se viu tamanha ignorância? Maldita falta de conhecimento sobre o assunto.
Chegando na consulta, 1h e meia na sala de espera, subimos ao consultório uma escada com uns 30 degraus que poxa, mata qualquer grávida. Chegando lá, mede pressão, ouve o coraçãozinho, pesa, mede a barriga e pede para levantar. Seguiu o diálogo então:
Eu: - Mas Dr, e o toque? O combinado foi hoje para decidirmos sobre o parto.
Ele: - Não vai precisar.
(silêncio e uma cara de ANH?)
ELE: - Não vai precisar porque você vai ganhar a sua bebê hoje. Sua pressão esta alta e isso pode ser fatal para você e para a bebê. Eu prefiro não arriscar, mas se você quiser, é por sua conta e risco.
Porra um médico dizer para uma mãe de primeira viagem, que seu bebê pode morrer porque você escolheu esperar o tempo dele é muita sacanagem. Ninguém me forçou a fazer uma cesárea, mas jogar uma bomba dessa no meu colo também não foi nem um pouco certo, ao meu ver ele praticamente me disse que o bebê morreria e que a culpa disso seria minha.
É claro que eu optei por fazer uma cesárea, já que senão eu estaria declarando que queria morrer e que deixaria o meu bebê morrer. E enquanto eu estava lá, com falta de ar por causa da "maldita" RACK (que nesse caso é muito bendita, porque olha, impossível sentir sua barriga sendo cortado/queimada e não desmaiar) com ânsia de vômito por tanta ansiedade em tê-la em meus braços dali a pouco, os médicos conversavam de viagens e faziam piadas sobre suas sogras (que inclusive a do meu médico, morreu no dia em que eu iria receber alta do hospital). Porra minha vontade era gritar: GENTE, TÁ NASCENDO UM BEBÊ AQUI, E EU NÃO QUERO QUE ELA VENHA AO MUNDO OUVINDO VOCÊS FALANDO DE SOGRAS, DÁ PRA CONCENTRAR?
Então de repente eu ouvi o chorinho dela, eu a ouvi, e eu queria ela perto de mim, mas ela estava nas mãos dos médicos que na verdade estavam mais preocupados com viagens do que conosco. Nas mãos de quem nem sequer a amava. Trouxeram ela pra mim e eu senti a maior alegria da minha vida, seguida de uma ânsia de vômito causada pela anestesia fortíssima que ela e eu tomamos.
O melhor momento da minha vida será associado a vômito, para sempre.
Depois de me fecharem, me levaram para o quarto, onde eu não pude me levantar por 5 horas, enquanto eu morria de vontade de ir ao banheiro. Enquanto meu corpo se coçava por inteiro e eu tremia toda sem sentir frio, me trouxeram ela para mamar. E ela não mamava, não conseguia sugar, porque ainda não estava pronta para nascer, porque sua boquinha ainda não sabia o que era sugar.
E depois de tudo isso eu prometi pra ela, eu prometi pra mim, que NUNCA mais passarei por isso. Nunca mais isso acontecerá de novo. Meu próximo bebê virá ao mundo da forma mais natural possível, na hora que ele(a) quiser, do jeito que ele quiser e se possível, em casa. (Todas pasmam agora)
Onde já se viu agendar o dia que seu bebê deve nascer?
Alguém perguntou pra ele se ele esta pronto para nascer? Se ele esta pronto para aguentar tudo que esse mundo mau tem a proporcionar?
A cesárea é uma cirurgia que salva vidas, mas não é para ser feita sem a mãe entrar em trabalho de parto. É risco demais para um bebê.

Eu espero que muitas grávidas ao lerem esse relato ao invés de dizerem ter medo da dor do parto normal, digam que tem medo de passar por uma cirurgia DESNECESSÁRIA.
Um batcho mamaiis

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